Um bom flautista tem obrigatoriamente de usar a articulação dupla como o meio de deslocação por excelência, seja a alta velocidade ou a baixa (mesmo onde a simples seria óbvia). O uso da articulação simples torna-se praticamente circunscrito a notas isoladas, inícios de frase, acentuações ou em circunstâncias especiais (onde há espaço e tempo para escapar à inércia da sua execução). Digamos que ninguém se deseja dentro de uma loja de vidros com um elefante pela coleira !!!
A articulação simples é usada até 120, enquanto a dupla ultrapassa as 240, e em circunstâncias mais extremas pode chegar a superar as 960 (16 articulações/segundo). Quando se trata de mobilidade, leveza, isto funciona muito como se voassemos, em vez de corrermos. O termo articulação torna-se então enganador. Articular é separar, não implica qualquer tipo de acentuação. Com a velocidade, o paradoxo acontece, a separação diminui ao ponto de ser quase ligado, sendo a separação obtida pelo efeito "metralhadora". Pois, se cada nota dura uma fracção de segundo, a pontaria tem de ser elevada, a postura e a embocadura têm de estáveis e resistir às vibrações nas mudanças dos dedos, e estes devem ser leves por consequência. Cada som é excitado por muito pouco ar, para que ele possa desvanecer-se num instante e permitir a entrada da nota seguinte). Este princípio, aliás, é válido em geral, para emitir um som de qualidade e ter o fôlego adequado.
É comum alternarmos entre a articulação simples e dupla durante uma execução, a regra é conseguir o efeito pretendido, vale tudo, basta entender como usar, depois é uma opção do executante e do seu grau de desenvolvimente técnico.
As sílabas a usar na articulação simples são (tu ou du), sendo "t" mais duro e adequado para acentuações. No caso da articulação dupla, apenas é válido (du-gu), sendo que estas sílabas irão desaparecendo com o aumento da velocidade de articulação, até ao ponto em que nenhuma sílaba é perceptível ao próprio executante. Aliás, o (du-gu) deve rolar de forma a que soem iguais.
As razões que me levam a introduzir logo que possível a articulação dupla são:
- Por um lado, evitar a tensão na embocadura, pois com ela a articulação dupla sai mal...
- Por outro, como um modo de tornar o aluno consciente dos malefícios de emitir som usando excesso de ar e défice de ressonância.
- Por fim, como ajuda para a manutenção de uma embocadura sã, ou seja, descontraída o suficiente para ser flexível, rápida, tonificada para resistir às variações extremas de pressão do ar, entre os mais agudos e dos mais graves.
Conhece algum estudo ou exercício para aumentar a velocidade da articulação? Eu acho a minha lerda, muita coisa sai atropelada, e tem coisas que não dá pra usar o ataque duplo, soa sujo.
ResponderEliminarSim, mas o estudo não fará a boa articulação por si nem a fará aumentar a velocidade, e só poderá agravar ainda mais o erro técnico. Tente usar tão pouco sopro quanto possível, o ar a mais irá sempre desacelerar a velocidade e sujar o som. Os sons de articulação escolhidos devem ser (du-gu) e nunca o (tu-ku) que os anglófilos precisam para compensar a sua língua materna. Com a velocidade dá-se um fenómeno de inércia em que a própria mudança de som faz a articulação seguinte, deixa de ser importante a sílaba, ela estará muito dissolvida já, pois a língua cada vez mexerá menos. Nunca tente meter nova nota (articulação) onde ainda há ar a circular da articulação anterior porque irá sujar sempre, é uma pura questão de eficiência.
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