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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Articulação dupla

A prática da articulação dupla (du-gu) deve ser estimulada desde o momento em que a produção sonora é estabilizada,  numa embocadura descontraída. Em vários métodos aparecem as sílabas (tu-ku), recordem-se que são feitos para falantes de inglês (língua-mãe).

Um bom flautista tem obrigatoriamente de usar a articulação dupla como o meio de deslocação por excelência, seja a alta velocidade ou a baixa (mesmo onde a simples seria óbvia). O uso da articulação simples torna-se praticamente circunscrito a notas isoladas, inícios de frase, acentuações ou em circunstâncias especiais (onde há espaço e tempo para escapar à inércia da sua execução). Digamos que ninguém se deseja dentro de uma loja de vidros com um elefante pela coleira !!! 

A articulação simples é usada até  120, enquanto a dupla ultrapassa as 240, e em circunstâncias mais extremas pode chegar a superar as 960 (16 articulações/segundo). Quando se trata de mobilidade, leveza, isto funciona muito como se voassemos, em vez de corrermos. O termo articulação torna-se então enganador. Articular é separar, não implica qualquer tipo de acentuação. Com a velocidade, o paradoxo acontece, a separação diminui ao ponto de ser quase ligado, sendo a separação obtida pelo efeito "metralhadora". Pois, se cada nota dura uma fracção de segundo, a pontaria tem de ser elevada, a postura e a embocadura têm de estáveis e resistir às vibrações nas mudanças dos dedos, e estes devem ser leves por consequência. Cada som é excitado por muito pouco ar, para que ele possa desvanecer-se num instante e permitir a entrada da nota seguinte).  Este princípio, aliás, é válido em geral, para emitir um som de qualidade e ter o fôlego adequado.

É comum alternarmos entre a articulação simples e dupla durante uma execução, a regra é conseguir o efeito pretendido, vale tudo, basta entender como usar, depois é uma opção do executante e do seu grau de desenvolvimente técnico. 

As sílabas a usar na articulação simples são (tu ou du), sendo "t" mais duro e adequado para acentuações. No caso da articulação dupla, apenas é válido (du-gu), sendo que estas sílabas irão desaparecendo com o aumento da velocidade de articulação, até ao ponto em que nenhuma sílaba é perceptível ao próprio executante. Aliás, o (du-gu) deve rolar de forma a que soem iguais. 

As razões que me levam a introduzir logo que possível a articulação dupla são:
  1. Por um lado, evitar a tensão na embocadura, pois com ela a articulação dupla sai mal...
  2. Por outro, como um modo de tornar o aluno consciente dos malefícios de emitir som usando excesso de ar e défice de ressonância.
  3. Por fim, como ajuda para a manutenção de uma embocadura sã, ou seja, descontraída o suficiente para ser flexível, rápida, tonificada para resistir às variações extremas de pressão do ar, entre os mais agudos e dos mais graves.
Bom, por agora, não me lembro de mais nada relevante... sugiram-me algo que julguem faltar neste artigo. Existe ainda uma articualção tripla, que não é mais do que (du-gu-du), é útil em balanços ternários, mas quem fizer a articulação dupla a mais de 240 não precisará de estudar grande coisa, apenas acertar o balanço da repetição do "du" ... não compliquemos o que é simples e óbvio!!!

2 comentários:

  1. Conhece algum estudo ou exercício para aumentar a velocidade da articulação? Eu acho a minha lerda, muita coisa sai atropelada, e tem coisas que não dá pra usar o ataque duplo, soa sujo.

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  2. Sim, mas o estudo não fará a boa articulação por si nem a fará aumentar a velocidade, e só poderá agravar ainda mais o erro técnico. Tente usar tão pouco sopro quanto possível, o ar a mais irá sempre desacelerar a velocidade e sujar o som. Os sons de articulação escolhidos devem ser (du-gu) e nunca o (tu-ku) que os anglófilos precisam para compensar a sua língua materna. Com a velocidade dá-se um fenómeno de inércia em que a própria mudança de som faz a articulação seguinte, deixa de ser importante a sílaba, ela estará muito dissolvida já, pois a língua cada vez mexerá menos. Nunca tente meter nova nota (articulação) onde ainda há ar a circular da articulação anterior porque irá sujar sempre, é uma pura questão de eficiência.

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